
PREFÁCIO
Perilo H. Lucena
Prefaciar Quelyno Souza é muito fácil. Conhecendo-o desde tenra idade,
espelho-me em sua vida para comentar a obra: Terra Paraíba.
Bom paraibano, dedicação essencialmente telúrica, deleita o leitor com
informações de nossa história, hábitos, cultura, religiosidade e até
da política. Dando volta pelo esporte, termina com o turismo.
O modo de apresentação desta peça é bem nordestino lúdico e didático.
Ele é uma aula viva de cidadania e amor à nossa Paraíba. É um “cordel”
sem o rigor da métrica cantareira, mas que faz um perfil geopolítico
de perfeição acadêmica.
Também senti vontade de escrever e acrescentar quando li seu folheto.
Em nenhum momento inclinei-me a suprimir algo. Gostei até da capa.
Parabéns Quelyno Souza.
TERRA PARAÍBA
Quelyno Souza
Meu senhor, minha senhora,
não sou nem historiador
nem tocador de viola.
Vou contar, sem demora,
da minha terra, Paraíba ,
um pouco de sua história.
O meu estado é pequeno,
mas, abençoado pelo criador.
Tem homem “caba da peste”
e “Mulher macho sim sinhô”,
Fica na região Nordest.
É a Paraíba meu doutor!
Mede mais de cinqüenta e seis
mil quilômetros quadrados.
Essa é a sua verdadeira extensão.
Assim está dividido e habitado:
Litoral, brejo, agreste, cariri
e pelo sertão o estado é formado.
Cidade banhada pelo mar,
nossa capital fica situada
à margem do Rio Sanhauá.
De inicio, a terra foi controlada
pela Espanha, França e Holanda
e por Portugal foi colonizada.
A partir de mil quinhentos
e oitenta e cinco foi colonizada
com a concessão de Sesmaria.
Surgiram os primeiros povoados:
os municípios foram criados.
Do litoral ao sertão foram habitados.
Duzentos e vinte e três município,
se não me falha a memória.
De Cabedelo até Cachoeira,
o paraibano segue sua trajetória.
De Frei Martinho a Zabelê
cada povo com a sua história.
Nossa Senhora das Neves, o primeiro
nome da minha cidade preferida.
Depois foi batizada de Filipéia.
Frederica veio logo em seguida.
Por quarto, Paraíba do Norte
e por fim João Pessoa foi escolhida.
Tenho pena dos índios Cariris
que morreram na serra.
Dos Tabajaras e Potiguaras
que tombaram na guerra.
A Paraíba perdeu nativos
na defesa de suas terras.
Nascido na cidade de Guarabira
por João Pessoa fui adotado.
No ponto mais oriental das Américas,
por Jesus Cristo sou iluminado.
Na cidade mais verde do país
vivo amando, feliz e sossegado.
Um senhor tal de Paulus Linge,
homem de grande perversidade,
arrastou Estevam Fernandes
pelas principais ruas da cidade.
Enforcou o coitado Gonçalo Cabral
com total requinte de crueldade.
Anexada à Capitania de Itamaracá,
a Paraíba sofreu com a dependência.
Abandonada e de pires na mão,
sem estrutura entrou em falência.
Toda a comunidade paraibana
sem forças caiu na decadência.
O Capitão-mor Fernando Castilho
à Maria Primeira solicitou
e através de Carta Régia
a Rainha um decreto baixou:
em mil setecentos e noventa e nove
a Paraíba de Itamaracá se libertou.
A bela moça de nome Branca Dias,
uma lenda paraibana virou.
Filha de Simão e dona Maria,
recebeu uma declaração de amor .
De um nobre padre, certo dia
a sua vida assim acabou...
À santa inquisição foi denunciada
como o amor não era de brincadeira,
acabou sendo julgada e condenada,
Branca Dias, a donzela brasileira
em Portugal na cidade de Lisboa,
a moça foi jogada na fogueira.
O Imperador Dom Pedro II
quando por aqui ele passou,
mil oitocentos e cinqüenta e nove,
num barco movido a vapor,
visitou a Fonte do Tambiá, igrejas
e a Ponte Sanhauá atravessou.
Em mil oitocentos e setenta e quatro,
a revolta Quebra-Quilos mudou a região.
Na cidade de Fagundes ocorreu o fato:
cobrança de impostos pelo uso do chão.
Cada comerciante teria que pagar
por toda carga levada, um tostão.
Quiseram nova lei implantar
nas ruas do comércio informal.
De Fagundes até a Vila de Ingá,
quebrando pesos e medidas no local.
A ordem aqui só foi restaurada
com ajuda do governo Imperial.
Depois de matar a menina Francisca
Dona Domitila jogou o corpo no mato,
causando revolta a toda a população.
E nas cidades circunvizinhas a Patos,
Deus ganhou mais uma santinha,
no ano de vinte e três, aconteceu o fato.
No governo de João Pessoa
os coronéis estavam apavorados :
o senhor José Pereira de Lima
foi autor de um fato inusitado:
decretou a cidade de Princesa
Independente do nosso estado.
Em julho do ano vinte e nove
João Pessoa fez o que quis:
negou o apoio do estado
ao presidente Washington Luis,
saiu como vice de Getúlio Vargas,
achando ser melhor para o país.
João Pessoa foi assassinado,
em Recife, na Confeitaria Glória,
por João Dantas, um advogado.
O povo guarda ainda na memória:
a Paraíba perdeu seu presidente
e entrou de vez para a história.
A cidade de Campina Grande
é um grande centro comercial.
Seguido de Mamanguape, Sapé
Santa Rita, Guarabira, Pombal
Bayeux, Cajazeiras e Sousa
assim crescem o interior e a capital.
O nome da nossa capital
no ano trinta foi alterado
de Paraíba para João Pessoa.
Igualmente a bandeira do estado
passou a ser simbolizada
com o nome Nego estampado.
Tem gente que prefere as praias
do nordeste e detestam as do sul,
outros de Jacaré, Coqueirinho
Cabo Branco, Jacumã, Tambaú.
Na praia naturista de Tambaba,
só toma banho quem ficar nu.
“Morre sem ter prazer na vida”
quem não comer na Paraíba feijão,
rapadura, bode assado e guisado,
canjica, pamonha, mungunzá e pirão,
carne de sol, mocotó, buchada
xerém, tapioca, beiju e rubacão.
É gostoso e só faz bem,
quem quiser é só provar.
As coisas que minha terra tem
manga, melancia, maracujá,
abacaxi, graviola, laranja
banana, coco, caju e cajá.
Na pecuária da terra paraibana
tem bovinos, ouvinos, e caprinos.
Para alimentar todo o nosso país:
o senhor, a senhora e o menino.
Na agricultura é rica em cana,
macaxeira, batata e pepino.
Festival de Inverno, Fenart, Lapinha,
Folia de Rua, Carangafest, Xaxado,
Pastoril, Vaquejada, Nova Consciência,
A Cachaça e Rapadura são aprovados.
São João, Bode Rei, Cambindas
são os principais eventos do estado.
Cachaça boa nas feiras livres,
é fácil demais encontrar .
Violeiro e embolador
improvisando no lugar .
O poeta vendendo corde,
nossa sabedoria popular.
Turista nenhum pode negar:
na Lagoa vale à pena passear!
Lajedo de Pai Mateus, Bica, farol,
no forte e Vale dos Dinossauros,
Parque do Povo e a Pedra de Ingá
são lugares bonitos para visitar.
Municípios com nomes estranhos
Zabelê, Mãe d´água, Cajazeiras
Coxixola, Itapororoca, Puxinanã
Riacho dos Cavalos, Catingueira
Catolé do Rocha, Baía da Traição
Gurinhém, Matureia e Cabaceiras
Municípios com nomes de santos,
na Paraíba você encontra aqui e ali.
Brejo dos Santos, Bonito de Santa Fé
São Gonçalo, São José do Sabugi
São Bento, São Mamede, Santo André
São José dos Ramos e São João do Cariri
Barra de Santa Rosa, Santa Inês
Santa Helena, Santa Terezinha,
peço aos santos pela Paraíba.
Não posso esquecer-me da santinha
Santa Cruz, Santa Luzia, Santa Rita.
Benção para minha querida terrinha
Quando a seca aperta por aqui,
para salvar a lavoura da região,
o sertanejo faz uma prece
ao Padim Ciço e Frei Damião.
Não demora quase nada
e de Deus recebe proteção.
Políticos que fizeram história:
Venâncio Neiva, Ruy e Ricardo
Sólon, Epitácio e João Pessoa
Erundina, Álvaro Lopes Machado
Chateaubriand, Argemiro Figueiredo
e o grande economista Celso Furtado
A Paraíba é rica em minérios
e muito mais em cultura:
Artes plásticas, música, teatro
Fotografia, cinema e literatura.
É arte feita com categoria
mexe com qualquer criatura.
Em Areia tem o teatro Minerva
Santa Rosa, Paulo Pontes na capital
Matam a qualquer um de inveja.
Em Campina, o Severino Cabral
São palcos que nos encantam
Com rara beleza estrutural .
Estrelas do teatro paraibano
ganharam e ganham troféus .
Paulo Pontes, Ednaldo do Egypto
cada um deu conta do seu papel:
Luiz Carlos, Tomáz, José Dumont
Marcélia Cartaxo e Altimar Pimentel.
O cinema paraibano é iluminado.
José Joffily, Manfredo e Machado,
Irmãos Vladimir e Walter Carvalho.
Em todo o país são respeitados,
Aruanda por Linduarte foi filmado.
No Brasil são cineastas afamados.
A música paraibana tem Vital Farias
Genival Lacerda, Elba Ramalho e Zé
Antônio Barros, Ceceu, Chico César
Herbert Viana e Geraldo Vandré
Pedro Osmar, Jackson do Pandeiro
Pinto do Monteiro e Flávio José.
Paraibanos, artistas de respeito
Roberta Miranda se faz presente.
Quem escuta fica logo satisfeito:
Amazan, Biliu, Marinês e sua gente,
Oliveira de Panelas, Canhoto da Paraíba
Otacílio Batista e Gerardo Parente.
São artistas de primeira grandeza.
O crítico de artes vê detalhes
na obra de Miguel dos Santos
José Altino e Flávio Tavares
Raul Córdula, Chico Ferreira
Capitulino restaura terras e mares.
Antônio Dias e Alexandre Filho,
artistas com grande merecimento .
Pedro Américo nosso maior pintor,
José Crisólogo à arte dá movimento.
Jackson Ribeiro foi bom escultor
João Câmara premiado por talento.
Na literatura José Lins do Rego
e José Américo se destacam bem.
Ariano Suassuna e Bráulio Tavares,
o povo brasileiro lê também.
Ascendino, Ronaldo e Sérgio
Augusto poetas como ninguém
Não é pequeno nem grande,
nem fraco nem tampouco forte.
No futebol Treze e Campinense
Botafogo, CSP e Auto Esporte
Desportiva, Sousa e Nacional ,
o que falta é um pouco de sorte.
Zé Marco no vôlei de praia,
no esporte é terra de valor .
Na natação Kaio Márcio
Ednanci campeã no judô,
Aílton, Júnior, Hulk, Marcelinho
fazem a alegria do torcedor.
Peço ao nobre turista
que a terra Paraíba venha,
que participe da procissão
de Nossa Senhora Penha .
Faça uma oração na igrejinha
para que sorte na vida tenha
Aqui o sol nasce primeiro.
É pura verdade não é boato!
Na cidade mais verde do país,
o turista compra bom e barato.
Lembranças da Terra Paraíba
no mercado de artesanato
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